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sábado, 28 de fevereiro de 2009

Despedida Permanente

Não tenho medo da morte, apenas a acho estranha. Talvez seja medo do desconhecido, se for, nesse caso, eu tenho medo da morte.

No ano passado, no dia do primeiro turno das eleições municipais, um primo da minha mãe foi almoçar em casa. Apesar do pouco contato que tive com ele, sempre tive muita simpatia pela sua pessoa. Nesse ano, eles estavam combinando de irem para o Pernambuco, iriam visitar alguns parentes em Belo Jardim, e outras cidades próximas que não me recordo os nomes. Como esse primo estava com uma saúde muito debilidade, a viagem necessitaria de cuidados, e o filho dele preferia acompanhá-lo, mas, a morte colocou fim no desejo de visitar algumas tias que vivem no interior de Pernambuco.

Esse tipo de noticia é preferível dar pessoalmente as pessoas cardíacas. Não contamos a minha mãe, pretendíamos dar a noticia quando chegássemos em casa, porém o filho do primo da minha mãe deixou uma mensagem no Orkut que lhe dava a nóticia. Ela ficou triste, chorou, mas não precisou de intervenção médica. No outro dia fui com ela ao cemitério para assistirmos ao sepultamento.

O caixão estava lacrado e o rosto um pouco inchado. Ficamos sabendo que ele morreu ao se levantar da cama, chegou a abrir a janela, talvez para recuperar o ar que os últimos instantes de vida estavam lhe tirando, ar não recuperado e que deu lugar ao infarto fulminante, levando a vida sem a possibilidade de um socorro prévio, de uma intervenção médica. Ele estava na fila de um transplante de coração, seu caso era muito grave e todos sabiam que as chances dele morrer nessa fila eram grandes.

Fiquei observando a viúva. Mulher alegre e falante, conversou muito na ocasião que almoçou na minha casa. Ela nos avistou de longe e veio em nossa direção, no caminho foi interceptada por outras pessoas que lhe deram os seus pêsames e fraternalmente a abraçaram, depois de alguns minutos, também a abracei, porém não disse nada. Não há o que ser dito num momento tão difícil, qualquer tentativa de conforto, torna-se muito superficial: Deus sabe o que faz. É melhor assim. Ele não sofre mais. Ele está num lugar melhor. São expressões horríveis para dizer em meio a tanto sofrimento, a meu ver, um abraço sincero e o silêncio é o melhor conforto que uma pessoa possa receber. Nesses momentos queremos a solidão misturada com a presença de pessoas queridas.

Quando começou a cerimônia budista, soube que os momentos mais tristes estavam se aproximando. Tenho muitos parentes budistas, porém nenhum é oriental. No cemitério fiquei pensando no sucesso que a imigração japonesa teve no Brasil, a cultura oriental está amplamente inserida no Brasil - desde a religião, até a gastronomia - uma parte considerável de minha família que estavam fadados ao cristianismo, se converteram ao budismo. Terminada a cerimônia, o caixão foi retirado da sala do velório e levado ao túmulo destinado ao mesmo. É um momento muito triste. Não lido bem com a morte, nunca soube lidar. Não existe nada mais triste do que as despedidas permanentes.

Saindo do cemitério, fui para a empresa. Depois fui vender uns dólares que sobraram da viagem do Douglas, e liguei para ele, avisando que iria embora e pedindo para ele me acompanhar, estou tomando uns medicamentos que me deixa muito sonolento e não estava com disposição para assistir aula... Hoje completa uma semana que estou doente, com a garganta inflamada, febre e dores no corpo. Já estou bem melhor, creio que amanhã me recuperarei por completo, e na segunda-feira voltarei a cumprir minha rotina habitual.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Milk – A Voz da Igualdade

Na quarta-feira de cinzas, assisti ao filme “Milk – A Voz da Igualdade” de Gus Van Sant, com o extraordinário Sean Penn no papel de Harvey Milk. São poucos os filmes que emocionam o Douglas e eu, mas no filme de Sean Penn fica difícil conter as lagrimas em meio a tanta homofobia e injustiça que existiu e ainda existe em nossa sociedade. Eu já sou um pouco frio para filmes, porém não posso deixar de assumir que fui tocado por Milk.

O filme conta a história de um gay cansado de se esconder de si próprio, Harvey abandona o seu bem remunerado emprego em Wall Street e decide "sair do armário", mudando-se para o distrito Castro em São Francisco com o seu amante de longa data, Scott Smith. Na comunidade colorida de Castro, pequenas vitórias conduzem a outras maiores e Harvey ao falar abertamente para uma maioria silenciosa, acaba por ser o primeiro politico assumidamente homossexual a ganhar umas eleições. Quando Harvey Milk foi assassinado em 1978, o mundo perdeu um dos seus líderes mais visionários e uma voz que se elevou corajosamente pela igualdade de direitos.

No Movimento Gay Brasileiro faltam muitos Milks. Pessoas que estão realmente apaixonados pela causa, pelo social, militantes que se importam com a vida que quem os rodeia. Creio que a história de Milk servirá de inspiração para muitos militantes ao redor do Mundo, e pode ser que surge uma nova leva de militantes realmente comprometidos.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Dias Especiais

Há três formas de participar do carnaval. A primeira delas implica em não participar (ficar em retirada, fazendo qualquer outra coisa que não nos remetem ao carnaval), a segunda é com um olhar antropológico (estudando o comportamento humano e a sua cultura), e a terceira é abrir mão de todas as nossas faculdades mentais e cair na gandaia.

Eu participei do carnaval fazendo uso da primeira forma de participação. Apesar de ter ido à praia, um reduto do carnaval brasileiro, fiquei muito na minha, curtindo meu namorado que acabou de chegar de viagem e curtindo a minha família. Ontem confidenciei ao Douglas que estava muito feliz, pois na sexta-feira fiquei a noite inteira na casa dele com a sua família, foi a comemoração do seu aniversário, e no sábado, domingo, segunda e terça ele ficou com a minha família, ele completou que isso acontece por conta dos seis anos de relacionamento. Para chegarmos nesse patamar, tivemos que nos impor muito, nesse meio tempo fomos muito maltratados por nossas famílias por conta de sermos gays. Hoje, somos aceitos numa boa.

No litoral encontramos um amigo. André, ator teatral. Sempre quando o encontro ele se lamenta de sua vida sentimental, na praia tivemos tempo de conversarmos sobre isso, tudo de uma forma espontânea, e com alguns pitacos dos amigos dele. Ficou bem claro que o André quer encontrar um relacionamento, mas idealiza um cara perfeito, com corpo escultural e um cara com um bom humor constante, enfim, um príncipe encantando retirado diretamente de um conto de fadas gay.

Quando paro para relembrar, vejo quantos sapos nos (Douglas e eu) engolimos em nome de uma relação que é mais importante do que pequenos detalhes que não nos levará a nada. O amor não é o bastante para a manutenção de um relacionamento, e enquanto estivermos dispostos a abrir mão de fatores que fazem a manutenção do nosso relacionamento, ele durará, e será um forte candidato para o tão sonhado “pra sempre”, pois estamos constantemente renovando os mecanismos e abrindo mãos de algumas coisas em nome do nosso amor. Só o amor não basta, também precisamos da vontade de estar juntos.

O feriado do carnaval foi ótimo para matar a minha saudade com o Douglas. Fomos muito companheiros em todos os momentos. Fizemos tudo juntos, na praia estávamos sempre juntos, tomamos sorvetes, almoçamos e jantamos sempre juntos e teve um dia que até banho tomamos juntos, enfim, foi um final de semana prolongado maravilhoso. Precisávamos disso para colocar os assuntos e os sentimentos em dia. Já estamos combinando o que iremos fazer no feriado da semana santa. Acho que vai dar praia de novo.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Benjamin & Nicolau

O livro Benjamin & Nicolau conta a história de dois jovens que vivem na cidade de Joana D’arc. A cidade foi fundada para ser um refugio do mundo não cristão, e a grande missão do padre da cidade é proteger o povo de todos os pecadores que por ventura venha contaminar a cidade. Quando os cidadãos não iam de acordo com as normas estabelecidas pela igreja, eles eram severamente punidos. Foi nessa cidade que nasceu Benjamin & Nicolau.

No capitulo que retrata o ano de 1985 o autor narra a primeira entrega ao amor, prazer e excitação das personagens. Numa narrativa que faz valer o livro inteiro, Benjamin e Nicolau entregam completamente ao desejo acumulado durante anos por conta dos seus preconceitos e dos preconceitos de quem os rodeavam. O autor não usa nenhum tipo de pontuação nesse trecho do livro, dando ao texto uma vida própria conduzida pelo próprio leitor.

Questões amplamente abordadas pela comunidade gay, como: o preconceito familiar, a pressão religiosa, a homofobia internalizada e social, são os grandes chavões da obra. A história é uma maravilhosa lição de vida, mostrando que quando há amor, ela supera tudo, inclusive o tempo. É um livro envolvendo, uma história bem estruturada, porém, com pouca narrativa.

Dados Técnicos

Nome do Livro: Benjamin & Nicolau
Autor: Warley Matias de Souza
Número de páginas: 96
Formato: 14 x 21
ISBN: 9788578280635
Editora Protexto
Preço: R$ 24,00
Contato com a autor: warleymsouza@gmail.com

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O Retorno do meu Petit Ami

Ontem foi um dia super especial. Depois de muito tempo de solidão e saudades, meu negão voltou para o Brasil. Foi horrível ficar todo esse tempo longe dele, e alguns amigos íntimos sabem como eu sofri. Antes mesmo de ele ir viajar, já havíamos combinado que eu o buscaria no Aeroporto. O vôo 00090 estava previsto para chegar às 10h40min no Aeroporto Internacional de Guarulhos, porém, a previsão foi alterada para o meio dia, por vias das dúvidas, liguei no aeroporto, e eles confirmaram que realmente haveria o atraso. Depois soube que o atrase se deu por conta de uma forte tempestade em Toronto, antes de decolagem houve a necessidade de tirar gelo da pista, e aconteceu um contratempo com as bagagens.

Cheguei ao Terminal 1, Asa A às 11:45. Verifiquei no painel eletrônico do saguão que a previsão de pouso permanecia para o meio dia. Fui aguardar. Esperei, esperei e esperei... Andei pelo saguão inteiro, não consegui esconder a minha ansiedade. Voltei até o painel e vi que o vôo havia pousado às 11h55min, comecei a achar a demora estranha. Uns 40 minutos depois, o Douglas apareceu. Depois soube que o vôo havia pousado há uns 10 minutos, creio que o horário que apareceu no painel foi a da autorização, e não a horário do pouso.

O saguão estava cheio. Eu fui me dirigindo à saída e ele ficou olhando para os lados com um sorriso de satisfação de ter concluído um longa viagem, mas não me viu em sua frente. Até que eu dei um passo à frente e disse:

- Hey. Estou aqui. Disse correspondendo ao seu sorrido. Ele deixou o carrinho de bagagens ao lado e meu deu um longo e forte abraço, um abraço onde ambos os corpos se encostam por completo, coxas, barriga e peito, um abraço que não precisaria ter fim, pois a cumplicidade que existia em meio ao mesmo, era muito forte. Peguei o carrinho de bagagens e nos dirigimos ao estacionamento.

Fomos para a casa dele. Lá a sua família estava ansiosa esperando por sua chegada. Ele nos trouxe presentes, uma pelúcia de um animal típico do Canadá, não me perguntem o nome, pois, eu não sei. Achei lindo, deixei no painel do carro para me lembrar sempre dele. Almocei com eles e voltei para o trabalho. Temos tantas novidades para contar um ao outro, que creio que viraremos esse mês e ainda estaremos comentando sobre esse meio tempo que ficamos separados. Hoje terá uma pequena confraternização para comemorarmos o seu aniversário e amanhã vamos para o litoral. Passaremos todo o carnaval por lá, voltamos para São Paulo na Quarta. Será ótimo para matarmos a saudade e colocarmos os assuntos em dia. Eu amo meu neguinho.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Pergunta sem Resposta

Às vezes me pego pensando na minha tia que faleceu no ano passado, e a tristeza vem à tona de forma inevitável. Dias antes de ela falecer, eu estava voltando do hospital, tinha ido visitar outra tia que estava internada, passava perto da casa dela, então eu sugeri.

- Vamos visitar a tia Aparecida? – disse pegando a entrada para a casa dela.

- Eu tenho medo de deixar o carro por aqui – retrucou a minha mãe. E de fato tinha mesmo, pois sempre que ela visitava a minha tia pedia para o meu pai ir levá-la e depois marcava um horário para ir buscá-la, pois na região que ela morava tem um alto índice de roubos de carro, talvez um dos maiores da cidade de São Paulo. Quando íamos lá, ela mesmo alertava que lá era perigoso e para tomar cuidado.

Acabei fazendo o retorno e pegando novamente a avenida que me levaria até a Aricanduva, para de lá pegar a Dutra e seguir para Arujá. Alguns dias depois minha tia foi internada para fazer uma cirurgia no fêmur. Também não fui visitá-la no hospital, as visitas eram super restritivas, o horário estabelecido era de apenas 15 minutos, e só podiam entravam duas pessoas e sem a possibilidade de revesamento, ou seja, muitos visitantes para pouco horário.

Minha mãe foi visitá-la, ela ficou muito feliz e estava animada, pois imaginou que não iria acordar da cirurgia, pois o seu estado era muito delicado... Depois de dois ou três dias dessa visita minha prima me ligou.

- Kinho (minha família e os meus amigos de infância me chamam por esse apelido), estou desconfiada que a minha mãe faleceu – contou-me com uma voz engasgada.

- Nossa, porque você acha isso? – perguntei entristecendo a minha voz.

- O hospital ligou, disse que era para comparecer com os documentos dela. Eu perguntei se aconteceu algo, e eles falaram que não, que precisavam desses documentos porque faltam no prontuário, mas não faltam, pois eu mesma levei esses documentos quando ela foi internada – explicou-me sem conseguir conter o choro.

Depois de meia hora ela me ligou aos prantos dizendo que a mãe dela havia falecido e me perguntou: O que eu vou fazer sem a minha mãe? Eu não soube responder, e hoje, quase oito meses depois, ainda não sei lhe dar uma resposta plausivel. É uma pergunta muito difícil de ser respondida. Mães são as responsáveis por nossa existência, temos uma ligação muito intima com elas, e não importa com qual idade estamos e se somos ou não completamente independentes delas, quando elas partem, ficamos sem saber o que fazer.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Uma Luz para Davi – O Resultado

Convidei amigos e leitores do blog para participarem do concurso cultural do livro “Uma Luz para Davi” de Marli Porto. Recebi ótimas respostas e fiquei muito feliz com a participação de todos.

Dentre as respostas postadas, foi escolhida respostas da Fá Frazão. Ela respondeu maravilhosamente bem e abaixo disponibilizo sua resposta. As demais respostas dos outros participantes estão disponíveis nos comentários do post “Uma Luz para Davi”.

Você já viveu uma história de amor que alterou o rumo de sua vida?

“Pude vivenciar mais que um amor. Todos verdadeiros e justos. Amei e fui muito amada. Contudo esse "último" amor será insuperável. Nasceu com uma paixão, evoluiu com total entrega e cumplicidade. Hoje não estamos mais juntas, pois mudamos nossas vidas e vida talvez tenha nos mudado. O amor não morreu. Mudou apenas de "formato", virou irmandade. Se hoje estamos vivas é graças a ele, que nos salvou da morte, para contarmos e vivermos mais histórias de amor.”

Fiquei contente em saber que o amor da Fá Frazão não deixou de existir e mudou de formato. Com base nessas histórias que podemos afirmar com plena convicção que o amor jamais acaba. Sorte que o amor mudou de formato, pois quando isso não ocorre, o amor pode se tornar descaso, insignificância, ou até mesmo ódio, pois o amor e o ódio caminham juntos, quando um se torna ausente, a outro sentimento ganha presença.

Os interessados pelo livro poderão adquiri-lo diretamente com a autora pelo o e-mail marli@ube.org.br

Obrigado a todos que participaram, e aguardem os novos concursos.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O Melhor do Brasil é o Brasileiro

Já foram apresentados na TV brasileira vários documentários falando da segurança do Canadá e de sua policia exemplar que trabalha desarmada. Sem sombras de duvidas o Canadá oferece uma segurança inexistente no Brasil, porém não podemos acreditar que o país gelado é o país das maravilhas.

Na sexta-feira, o Douglas foi furtado. Entraram no quarto dele e roubaram nossa aliança de compromisso, o anel de formatura, os cintos, todas as suas correntes e o celular. O curioso é que deixaram o laptop e alguns dólares. Creio que ele foi vitima de um cleptomaníaco. Essa situação deixou o Douglas muito chateado e decepcionado como Canadá, se não fosse tão caro para remarcar a passagem, ele já teria voltado. Ele não está mais em Montreal, agora está em Toronto, mas disse que nem quer conhecer a Cataratas no Niágara, pois perdeu o encanto pelo país.

O Canadá tem muitos problemas estruturais nos seus estabelecimentos comerciais. O Brasil está muito a frente do Canadá na questão de prestação de serviços. São pouquíssimos estabelecimentos que aceitam cartão de crédito, não existem comandas em baladas e o cliente é obrigado a dar gorjeta. Um amigo do Douglas viu que tinha dinheiro somente para mais uma bebida, então ele pediu e pagou ao garçom – lá não existe conta, tudo que se pede, paga-se na hora -, o garçom trouxe e cobrou os 10% de gorjeta, o cara disse que não tinha, então o garçom foi grosso, disse que não iria mais atender o garoto e que era para ele nunca mais voltar ao bar. Isso é algo que jamais aconteceria no Brasil.

O check-in em Toronto também deixou o Douglas decepcionado, no aeroporto não queriam deixa-ló viajar com a mala de 35 kilos, disseram que estava excedendo 10 kilos, foi uma briga, até que veio outra funcionária e disse que ele poderia viajar sim, e que a outra funcionária estava equivocada. Já no hotel, o recepcionista falava apenas a língua inglesa. É um absurdo num país bilíngüe um atendente de hotel ter apenas o domínio em uma língua. O Douglas não fala inglês, porém entende, e ouviu quando o cara falou: Como uma pessoa vem para Toronto sem saber falar inglês, então o Douglas respondeu em francês: É que no meu país, uma pessoa não executaria a sua função sem falar pelo menos duas línguas além do português, pela cara que ele fez, ele não falava francês, mas entendia.

Temos que valorizar muito o Brasil, e não sorrir para todos os estrangeiros que vem para cá. Quando fui para Fortaleza, tinha um casal de canadense num passeio que fomos, lembro-me do emprenho de todos para entendê-los e sanar os seus questionamentos, enfim, no país desses mesmos canadenses não recebemos o mesmo tratamento. É lamentável ver um povo que recebe tão bem os seus turistas sendo maltratados no Mundo afora. No dia 13, pensei em mandar um telegrama para o Douglas, fui até o correio, e me orientaram para não mandar, pois os outros países não dão prioridades para telegramas, eles dão o tratamento de uma correspondência normal, sem prioridade, e acaba sendo entregue no mesmo prazo vigente de uma carta comum.

O Brasil está na moda, e o que justifica esse sucesso é o próprio povo brasileiro. Aqui sabemos receber nossos turistas e somos excelência em prestação de serviços. Danem-se as Cataratas do Niágara, aqui nos temos Foz do Iguaçu, e com um pequeno detalhe: Lá eles têm três quedas, aqui nos temos sete.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Dia do Meu Amor

Hoje para grande parte do Mundo, e para alguns casais de namorados antenados do Brasil é o dia mais romântico do ano. Comemoramos no dia 14/02 o dia de São Valetim, o dia dos namorados.

A comemoração surgiu em Roma, na metade do século III D.C. O governo do imperador Claudius II proibiu o casamento, pois percebeu que muitos jovens se recusavam ir à guerra por conta de suas esposas, ele queria formar um grande e poderoso exército, Claudius acreditava que os jovens se não tivessem família, se alistariam com maior facilidade. No entanto, um bispo romano continuou a celebrar casamentos, mesmo com a proibição do imperador. Seu nome era Valentine e as cerimônias eram realizadas em segredo. A prática foi descoberta e Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens jogavam flores e bilhetes dizendo que ainda acreditavam no amor. Entre as pessoas que jogaram mensagens ao bispo estava uma jovem cega, seu nome era Asterius, filha do carcereiro a qual conseguiu a permissão do pai para visitar Valentine. Os dois acabaram-se apaixonando e milagrosamente ela recuperou a visão. O bispo chegou a escrever uma carta de amor para a jovem com a seguinte assinatura: “de seu Valentine”, expressão ainda hoje utilizada. Valentine foi decapitado em 14 de Fevereiro de 270 d.C, deixando a data conhecida como o “Dia de São Valentim”.

Para mim, o dia de hoje torna-se ainda mais especial por conta do Aniversário do meu amor. Hoje o Douglas completa 28 anos e não poderia ter um dia mais significativo e romântico para a comemoração do seu aniversário. Feliz aniversário meu lindo, saiba que você é uma peça fundamental para a minha vida, pois te amo, e o amor é a peça motriz que nos impulsionam a viver. Uma pena ele estar tão distante, no Canadá, se estivesse aqui, teríamos uma comemoração intensa e marcante, entretanto, estamos distante nas questões físicas, mas os nossos corações estão intimamente ligados por conta do sentimento nobre que nitrimos. No dia 19 irei buscá-lo no aeroporto, e nessa oportunidade poderei dar-lhe o forte abraço e o longo beijo que nesse momento o meu coração tanto almeja.

Concurso Cultural – Uma Luz para Davi

Quer ganhar de presente o livro “Uma Luz para Davi” de Marli Porto? O Blog Passageiro do Mundo em parceria com a autora lhe dá esse presente. Para isso, basta responder a pergunta abaixo nos comentários do post “Uma Luz para Davi”. A melhor resposta recebera um exemplar do livro em qualquer lugar do Brasil.

Você já viveu uma história de amor que alterou o rumo de sua vida?

As respostas serão aceitas até a meia-noite do dia 15 de fevereiro. A melhor resposta será divulgada no dia 17 de fevereiro, abaixo da resposta é necessário deixar um endereço de email para contato.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Dominação Religiosa

Ultimamente ando muito triste. A ausência do Douglas ajudou a desencadear tal estado de espírito. Ando refletindo muito sobre a homofobia familiar, se ela não existisse, eu teria uma vida mais leve. Amo muito os meus pais, mas sinto que um dia terei que deixá-los. Não como um hétero que se casa e vai aos finais de semana visitar a família, pois no meu caso levarei para a casa dos meus pais outro homem, situação que a igreja não permite.

Que igreja é essa que nos priva de amar: Ame o seu filho gay, mas odeie com todas as suas forças o pecado dele. A igreja ferra com tudo, famílias chegam num grau de alienação tão grande, que preferem preceitos superados ao amor incondicional de um filho. Quero que pastores, padres, bispos, arcebispos, apóstolos, enfim, toda essa corja que envenena a sociedade vai para a casa do caralho. Bando de filhos da puta e imorais.

Desejo um dia viver numa sociedade em que a religião seja completamente ridicularizada. Religião não leva a nada, apenas gera preconceitos. No Canadá existem alguns palavrões super ofensivos, são eles: Cálice, hóstia, sacramento, tabernáculo, catedral, entre outros. Esses palavrões surgiram em protesto contra a dominação da igreja sob as pessoas. Vejo o povo brasileiro longe de tomar uma atitude tão plausível como essa... Não nos resta opção, temos que ver o povo sendo dominados por católicos e protestantes, que ditam regras e acabam com o que eles chamam de sagrado. Acabam com a família.

Concurso Cultural – Uma Luz para Davi

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Você já viveu uma história de amor que alterou o rumo de sua vida?

As respostas serão aceitas até a meia-noite do dia 15 de fevereiro. A melhor resposta será divulgada no dia 17 de fevereiro, abaixo da resposta é necessário deixar um endereço de email para contato.

A balada do Cárcere de Reading

Não sei viver se não for de forma intensa e acabo sofrendo muito por conta disso. Amo como se não fosse existir outra noite de amor, comemoro como se fosse a minha última conquista, vivo a vida como se ela fosse acabar amanhã, ou pelo menos penso que vivo. Não há justificativa para a vida, se a mesma não for vivida de forma intensa.

Quando estou com alguém, idolatro-a, pois é a pessoa que eu escolhi para estar comigo “pra sempre”, ou pelo menos até onde o “pra sempre” durar. Com o tempo perdi um pouco do romantismo da adolescente que chegou a me acompanhar por boa parte da fase adulta. Hoje estou com o Douglas, e se estou é porque eu quero que seja eterno, nada mal para quem perdeu um pouco do romantismo.

Apesar de poucos acreditarem, existe amor eterno sim, entretando, o que falta nos relacionamentos é a criação de mecanismos para alimentar o “pra sempre”, quando isso não ocorre, o “pra sempre”, sempre acaba.

Criar mecanismos para perpetuar o “pra sempre” não é tão difícil quanto parece, mas necessitamos de um mínimo de dedicação. Temos que saber usar as palavras certas, na hora certa, sempre tratando a pessoa que está contigo com carinho e dedicação, e acima de tudo saber conversar, dizer o que incomoda e traçar acordos e metas para que haja uma mudança de fato.

Quando as mudanças não ocorrem e/ou os acordos não são cumpridos, acabamos destruindo aquilo que mais amamos por conta de uma simples falta de reflexão. Não preciso me aprofundar muito sobre o tema, pois o grande romancista e autor teatral Oscar Wilde já abordou tal tema com muita maestria enquanto esteve preso injustamente por conta de injurias cometidas por um marquês. Na prisão ele escreveu o seu mais belo poema, onde procura entender o porquê o homem termina sendo o seu próprio carrasco.

Estes são alguns versos de “A balada do cárcere de reading”:

A gente destrói aquilo que mais ama
Em campo aberto, ou numa emboscada;
Alguns com a leveza do carinho
Outros com a dureza da palavra;
Os covardes destroem com um beijo
Os valentes destroem com a espada.
Mas a gente sempre destrói aquilo que mais ama.


Concurso Cultural – Uma Luz para Davi

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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Teste de Sexo e/ou Sexualidade dos Bebês

- Achei um teste para descobrir o sexo do bebê – contou-me a minha irmã.

- Sério, como? – perguntei curioso.

- Bom, você tem que pegar a idade da avó materna, somar com 9 e por último com o mês de gravidez, se dar par é menina, se dar ímpar é menino. – contou a minha irmã fazendo o teste para saber qual será o sexo do bebê que ela está esperando. – Olha será um menino – contou-me com alegria. (Ex: 59 (idade da avó) + 9 + 8 (mês da gravidez) = 76 - meu caso).

- Nossa, será se isso dá certo mesmo? – perguntei incrédulo.

- Sim, eu já fiz o meu teste e o da Larissa. Deu certo. Vou fazer o seu.

Algum tempo depois...

- Repeti o seu teste e o da Fúlvia, o seu dá par e o dela da impar. Estou achando que isso não tem nada a ver.

- Hum, talvez... Será se temos que levar em consideração o fato de sermos gays? – contei dando risada.

- Talvez. – respondeu minha irmã se divertindo.

- Pois bem. Estão na numerologia as explicações que a ciência tanto busca para entender a sexualidade humana. Sou gay porque sou homem eu sou par, e a Fúlvia é lésbica porque é ímpar. Simples assim. – conclui.

Fiquei intrigado com esse teste. Nos héteros da família deu certo, nos gays não. Estou curioso para fazer o texto com o Douglas, mas ultimamente estou tendo pouquíssimo contato com ele. No final de semana ele me ligou, até que conversamos bastante, mas são tantos assuntos para serem abordados, que nem dá tempo de nos falarmos muito, ultimamente ele mal responde os emails... Ainda faltam 9 dias para ele voltar, e sei que serão 9 longos dias. Sorte a minha estar fazendo faculdade.

Concurso Cultural – Uma Luz para Davi

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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Uma Luz para Davi

O primeiro romance da escritora Marli Porto trata a homossexualidade de uma forma bem diferente dos famosos romances com temática LGBT. No livro, a autora conta a história em 3º pessoa, e com maestria aborda questões sentimentais de todas as personagens. Davi é um garoto sofrido, sozinho no Mundo e que não consegue ver a sua felicidade passando toda suas infância e adolescentes num orfanato. Ele parte em busca de sonhos, em busca da liberdade que o orfanato lhe tirava.

Fora do orfanato, Davi encontra-se com Henrique, que ao contrario de Davi, tem os seus sentimentos e desejos muito bem definidos. Henrique ama Davi de uma forma sexual, o que nos dá margem para refletirmos sobre os princípios de legalidade sobre a pedofilia, o papel das drogas na sociedade, e conflitos familiares. Davi se recusa viver esse amor e resolve partir, porém não tem como fugir dos sentimentos, dos laços que ficam estabelecidos no coração. Depois de felicidades, amores, tristezas e tragédias, a vida volta a colocá-los frente a frente.

O livro é um ótimo apoio para refletirmos sobre as mascaras que usamos na sociedade, os papeis que interpretamos em nossas vidas. Henrique é um homem temido pela sociedade, porém se sente impotente diante de um garoto indefeso, aceitando viver um amor segundo o tempo e as regras estipuladas pelo menino.

Além da riqueza de detalhes e a profundidades dos sentimentos narrados, outro ponto forte da obra é a localização de espaço e tempo. A autora cita pontos conhecidos em São Paulo e tem o cuidado de citar o tempo aproximado que levariam algumas viagens citadas abordadas no livro. Com um desfecho surpreendente, a narrativa marcará para sempre o coração dos seus leitores, nos levando a refletir, sobre as escolhas do amor e o rumo das nossas vidas em conseqüência das mesmas. Amar não dói o que dói e a insignificância que somos submetidos em meio de um sentimento tão nobre.

Dados Técnicos"

Nome do Livro: Uma Luz para Davi
Autora: Marli Porto
Número de páginas: 248
Formato: 14 x 21
ISBN: 85-366-0744-0
Scortecci Editora
Preço: R$ 35,00 nas livrarias e R$ 25,00 com a autora
Contato com a autora: marli@ube.org.br

Concurso Cultural – Uma Luz para Davi

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Você já viveu uma história de amor que alterou o rumo de sua vida?

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sábado, 7 de fevereiro de 2009

O Ritual do Abacateiro

Ontem (sexta-feira 06/02) aconteceu na FESP, o ritual do abacateiro. O ritual é uma tradição que acontece desde os anos 30 com a finalidade de recepcionar os novos alunos, os bixos. O abacateiro fica no pátio do Casarão da Fesp, vira e mexe um abacate atinge um aluno, ouvi dizer que teve um rapaz que teve que ser socorrido por conta de uma abacatada na cabeça. Eu estava num banco que fica embaixo do histórico abacateiro, estava lendo um livro, quando ouvi um abacate caindo atrás de mim, por sorte não atingiu a minha cabeça.

O ritual é bonito. Uma aluna leu um texto explicando a história da tradição do abacate, e citou professores e alunos ilustres que passaram pela escola, entre eles, Fernando Henrique Cardoso e Ruth Cardoso, que se conheceram na faculdade, e marcavam encontros românticos no banheiro do terceiro andar do Casarão. Depois de lido o texto, os veteranos abriram abacates ao meio, retiram a polpa e colocaram vinho, achei uma delícia. Logo após todos os alunos deram as mãos e num semicírculo demos uma volta no prédio da faculdade simbolizando um abraço na instituição. Achei muito lindo ver esse amor que os alunos têm pela faculdade.

Dado o abraço, os veteranos começando a pintar a cara dos bixos, porém tudo de forma muito civilizada, se um aluno falasse não, eles nem tocavam no aluno, gostei disso, achei respeitoso. Eu deixei me pintarem, mas lavei o resto em seguida, e quando ouvi uma história de alunos novos iriam pedir dinheiro no farol para comprarmos cerveja, sai de fininho e fui embora.

Estou adorando o curso. Na semana passada todos os professores apresentaram o conteúdo programático do curso e a bibliográfica básica e complementar, além de conhecerem os alunos e suas pretenções com o curso superior. Nesse primeiro semestre terei Sociologia, Antropologia, Política, Filosofia, Língua Portuguesa e História. O professor de Política é o diretor acadêmico da escola, e também coordenador do curso. Na aula dele ele frisou que os alunos da FESP estão proibidos de fazer o uso de drogas dentro da instituição, pensei que ele estava brincando, mas depois soube que há algum tempo atrás os alunos fumavam maconha no pátio, sem muitas repreensões.

Lá têm alguns alunos exóticos. Têm um grupinho que parecem mais um grupo de guerrilha comandado pelo Che Guevarra, do que alunos de sociologia, achei engraçado... Tenho certeza essa faculdade irá agregará muito para mim, estou adorando. Sem contar a tradição e a importância que a instituição conquistou ao longo dos anos de sua existência.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

68 Meses

Hoje o meu relacionamento com o Douglas completa 5 anos e 8 meses. Vi o Douglas pela primeira vez no dia 18 de maio de 2003, na época frequentava a igreja Acalanto, uma igreja inclusiva gay. Já o tinha visto desde o inicio da reunião, cheguei um pouco atrasado, e fiquei em pé, estava encostado na parede, bem na direção dele. No momento que ele me viu, eu não sei o que estava acontecendo na igreja, ele olhou para trás porque alguém falou algo engraçado e todos riram, não me lembro o que, aliás, não importa. Para mim, naquele dia não houve reunião, pois fiquei o tempo todo olhando para ele, e depois que ele me viu, ele também ficava me olhando, e quando os olhares se cruzavam, nos disfarçávamos com vergonha e depois olhávamos de novo.

Nesse dia eu o cumprimentei, mas não trocamos nenhuma palavra além do cordial. Na época eu tinha uma moto, no caminho o encontrei indo para o metrô. Parei, ofereci uma carona e ele não aceitou, depois ele me confessou que ficou pedindo a Deus para me guardar, ele tinha medo da moto, e enquanto ele não me viu livre dela, não sossegou. No outro domingo fui para a igreja de metrô, pois queria voltar com ele, e no caminho teríamos oportunidade para conversarmos, ele foi. Não me lembro ao certo o que falávamos naquele dia, acho que algum papo bobo de quem está com a vergonha de um adolescente em meio à descoberta do amor. Nessa mesma semana teria uma festa na casa de um membro da igreja, eu perguntei se ele iria, ele não deu certeza, mas disse que faria um esforço, eu não estava muito a fim de ir, mas fui, estava com a intenção de encontrá-lo. Para a minha decepção, ele não foi.

Na festa conversei com o meu amigo André, perguntei se ele conhecia o Douglas, ele disse que sim, que conversaram quando ele se apresentou como visitante na igreja. Uma amiga nossa, a Mara, também disse que havia conversado com ele, e que achou ele uma gracinha, eu disse que também havia achado. O André ficou de me ajudar a me aproximar dele, e nos convidou para irmos ao teatro, nos aceitamos, precisávamos de uma oportunidade para nos aproximarmos, pois éramos tímidos.

A peça era numa sexta-feira, dia 06/06/03 no teatro Ruth Escobar. Marcamos de nos encontrarmos no metrô. No dia eu tive uma série de contratempos e eu cheguei bem atrasado. Se na época conhecesse a música “Por Onde Andei” do Nando Reis, sairia da catraca cantando: Desculpe estou um pouco atrasado, mas espero que ainda de tempo... Até hoje o Douglas comenta desse nosso primeiro encontro que eu o deixei esperando mais de uma hora... Enfim, passou.

No teatro, quando o Douglas não estava por perto eu perguntei para o André: E ai, o que você acha? Ele me respondeu: Ta no papo. Eu fiquei feliz, estava extremamente apaixonado. No final de peça, que por sinal foi uma das piores que já assistimos, fomos para o Franz Café da Haddock Lobo, a todo o momento queria falar com ele o que estava sentindo, que queria namorá-lo e amá-lo, mas não tinha coragem. Estava ficando tarde, e resolvemos ir embora, pois eu não estava com a minha moto.

Quando chegamos à plataforma do Metrô Consolação, ele me perguntou: A Mara comentou alguma coisa com você? Eu respondi: Não, o quê? Fazendo cara de desentendido, ele ficou roxo e então disse: Eu estou gostando de você (achei lindo). Eu olhei para ele e disse: Eu também enquanto tirava do bolso um presente que havia comprado para a ocasião. Era uma miniatura de bonequinho de um contador, pois sabia que ele era formado em Ciência Contábeis, ele disse que não tinha nada para ocasião, mas não me importava com isso, o que eu mais queria eu já tinha, o coração dele. Deixamos o metrô passar, ele olhou para mim e me disse: Queria lhe dar um abraço, fazer alguma coisa, aqui não dá para fazer nada... Uma pena. Depois disso nos vemos no domingo, fomos ao Shopping Hienópolis para almoçar, depois o convidei para ir no Vermont Centro (bar gay que se localiza na região da república), e lá aconteceu no nosso primeiro beijo.

Estávamos numa mesa que ficava na calçada da Rua Viera de Carvalho, ele ficou preocupado, e perguntou: Pode beijar aqui? Eu disse que sim e continue beijando colocando as minhas mãos em suas pernas, percebi que ele estava deslocado, então parei e ficamos conversando. Nosso amor não tinha pressa, pois sabíamos da magia que estávamos envolvidos era muito forte, e que aquele singelo beijo era apenas o começo de um grande amor que já dura 5 anos e 8 meses.

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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Beaucoup de Rater mon Petit Ami


O Ricardo Aguieiras rogou praga para mim, e a praga pegou. Antes de o Douglas viajar ele disse:

- Você irá sentir tanta falta do Douglas - disse o Ricardo em meio uma conversa sobre a viagem a viagem do meu petit ami.

- Hum, acho que não, são apenas alguns dias – me defendi com ar de descaso.

- Vai sentir e muito, você vai ver – reforçou-me a praga.

Sou taurino, apesar de não acreditar em signo, os taurinos são assim, pessoas ultra-sensíveis. Como todos os taurinos, eu não fujo da regra. Mas que regra? Eu não acredito nisso, mas o pior é que sempre funciona. Certa vez fui ver o significa do meu nome. Marcos é martelo forte ou martelador. Achei bem sugestivo, imaginem um martelador... Nossa!!! Juro que nem pensei nisso, imaginei o martelador como uma pessoa guerreira, forte e persistente.

Hoje vindo trabalhar o meu pai me perguntou:

- Porque você acordou tão cedo.

- Mal consegui dormir – respondi.

- Essas coisas acontecem, relaxa – disse ele se referindo ao arrombando da porta e o furto do som do meu carro. Mal sabe ele que nem estou pensando no carro, engraçado, nunca fui materialista. Na hora fiquei triste, pensei no prejuízo, mas depois, eu relaxei... Mandarei arrumar e comprarei outro som. Então, para que se lamentar? Não adiantará nada. Lembro-me do dia em que peguei esse carro, foi o meu primeiro carro zero, todos os meus amigos estavam me perguntando se eu estava empolgado e tal, mas eu estava normal, era apenas um carro novo.

...

Ontem, por volta das 16 horas o telefone tocou. Estava desanimado, pensando na vida, mas mesmo assim atendi prontamente:

- Alô - atendi desanimado pensando como seria bom estar próximo do meu amor.

- Bonjour mon petit ami! Tu va bien? - perguntou do outro lado da linha de forma eufórica.

- Douglas, oi meu lindo, não acredito que é você. Nossa você não imagina como é bom ouvir a sua voz, que bom que você me ligou - respondi emocionado.

...

Fiquei muito feliz e surpreso. Ficamos uns 5 minutos ao telefone, ele estava no intervalo de uma aula. Matamos um pouco a saudade, mas logo ele teve que desligar. Hoje fiquei com vontade de falar novamente com ele, mas ele não me passou o telefone. Liguei na escola de intercambio que ele fechou a viagem e pedi para falar com a agente de viagem dele. Disse que era o namorado do Douglas que fechou uma viagem com ela e que precisava do telefone da hospedaria estudantil que ele está, ela me passou. Na primeira vez que liguei atendeu uma brasileira, ela falou que ele era de outro andar e que deveria estar dormindo, ou seja, ela não queria ir chamá-lo. Depois de uma hora liguei novamente, era uma moça falando em inglês com um sotaque horrível, era uma tailandesa. Pedi para chamar o Douglas, ela foi chamá-lo, e em poucos minutos atende o Douglas desesperado. Ele sempre é desesperado, pensou que tinha acontecido alguma coisa. Vocês acreditam que ele não sabia que na hospedaria tinha telefone? Se eu não ligasse, ele jamais iria descobrir, enfim, ele é fofo, até a sua distração me atrai.

Ontem ele foi numa balada. Era um bar dançando com as mesas cheias e a pista vazia. Os estudantes que estavam com ele foram dançar, em pouco tempo várias pessoas levantaram-se das mesas e ficaram observando. Uma canadense se aproximou do Douglas e disse que ele dançava bem e pediu para ele ensinar, o Douglas deu uns toques para ela e ela ficou repetindo: Oui, oui, oui... Caralho! Parece filme pornô francês. Hoje eles vão na Parking Bar, é uma balada super conceituada em Montreal, é como se fosse a The Week de São Paulo... Se arrependimento matasse, eu estaria morto, deveria ter ido com ele, estaríamos nos divertindo horrores, mas não faltarão oportunidades. Estou com saudades do meu petit ami.

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