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sexta-feira, 24 de abril de 2015

Por iguais oportunidade de trabalho

A nova capa da "Revista Época" vem para contribuir positivamente no que se tem discutido sobre a equanimidade nas condições de trabalho e no acesso ao emprego no que diz respeito a população LGBT. Parece inadmissível cogitarmos isso, mas ainda existem chefes que estão preocupados com quem os seus subordinados dividem a cama.

No ano passado conheci um cara pela internet, marcamos de tomar um café e durante a conversa ele comentou que toda sua família e amigos sabiam da sua sexualidade, ele só mantinha segredo no trabalho e não era apenas um simples segredo, ele fazia questão de reafirmar sempre uma falsa heterossexualidade, comentando sobre meninas e falando de experiencias sexuais que ele nunca teve.

Não estamos no papel de julgar esse tipo de comportamento, sabemos que a homofobia, lesbofobia e transfobia, no ambiente corporativo é muito grande, é fruto de uma sociedade machista e patriarcal, que tem o papel de repudiar tudo aquilo que não é considerado "padrão" e "heteronormativo". O mesmo preconceito que restringe os direitos das mulheres no mercado de trabalho, também restringe da população LGBT.

Embora gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais venham conquistando espaço nas grandes mídias e ganhando notoriedade nas telenovelas, é preciso que as pessoas entendam que a vida deles não se circunscreve ao sexo, nem tampouco ao aspecto comportamental. Quando falamos dessas pessoas, muitas vezes parece que sua vida se limita ao aspecto privado, íntimo, pessoal.

Não vemos muito frequentemente professores se assumirem LGBT com naturalidade, funcionários trabalharem travestidos sem que isso se torne a primeira coisa a chamar a atenção, e não o trabalho desempenhado pela pessoa, em si. Deveria ser normal vermos empresários transexuais numa reunião de trabalho abordando assuntos que em nada se referem a sexo, e sem que ninguém reparasse nisso. 

Recentemente o Carrefour lançou um manual de “Como tratar pessoas LGBT?”, são perguntas e respostas, que levam instruções aos colaboradores da empresa, maneiras de combater o preconceito em suas lojas. No manual a empresa ressalta que a discriminação e posturas intolerantes por parte de qualquer pessoa, seja colaborador, cliente ou qualquer público, não estão em sintonia com os valores da empresa". Outro avanço muito importante é no que diz respeito ao nome social, possibilitando que colaboradores e colaboradoras, figurem o seu nome social no crachá, independente de cirurgia ou decisão judicial, respeitando as liberdades e escolhas individuais. 

No Governo do Estado de São Paulo, no âmbito da Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho, temos o "Selo Paulista da Diversidade", que tem o objetivo de destacar boas práticas empresariais como ação estratégica pela igualdade de direitos e cidadania. Essas práticas são relacionadas a inclusão das temáticas das pessoas com deficiência, e as questões étnicas, raciais, de gênero, idade, orientação sexual e identidade de gênero, e para difundir a cultura de respeito, valorização e promoção da igualdade nos ambientes de trabalho.

O que é necessário mudar no ambiente corporativo, está relacionado a “Acessibilidade Atitudinal”, um termo amplamente explorado e defendido pelo Movimento das Pessoas com Deficiência, mas que podemos projetar para todos os outros movimentos de minorias. Enquanto nos e as empresas não mudarem o modo de pensar, de ver o outro, estaremos apenas num discurso infundado e vazio que pede respeito, mas não mostra como ou porque. 

Precisamos ver as pessoas além do privado, pois os talentos não estão expostos em características físicas, raça, credo, orientação sexual ou identidade de gênero. Infelizmente a atitude generalizada é censurante e opressora e enquanto não mudarmos o comportamento corporativo não sairemos da base do discurso.

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